sábado, 9 de novembro de 2013

Clarinha, a natureba, e o brilho sedutor dos ovos de páscoa!



 A mãe, meio natureba, está sempre conversando com os filhos sobre a conservação da natureza, sobre a beleza do sol, da lua, das flores, etc. Este é o discurso vigente naquela família e a preocupação com uma educação ambiental, em tempos de tentativa de sustentabilidade e respeito! 
Clarinha cresceu em ambientes perto da floresta e sempre soube apreciar a beleza.
Um dia, entretanto, no supermercado, ao se aproximar a Páscoa, Clara, a mãe e a irmã adolescente foram ao supermercado. 
Imaginem, nestes tempos também de consumismo e furor publicitário, como se aproveitam os supermercados para garantir o aumento de suas vendas! Como ficam decorados os corredores com lindos ovos de páscoa, coloridos e convidativos! Os ovos saltam aos olhos das crianças e aos olhos das mães pressionadas por tais demandas! As das lojas e as das crianças! A mãe, já prevendo uma polêmica caso o carrinho de supermercado passasse nessa sessão perigosa dos ovos de páscoa, disse para a filha mais velha:
- Vamos fugir dessa ala senão você imagina o que vai acontecer! Clarinha vai "impregnar"! Não queremos uma consumista, capitalista feroz, ao invés de uma cuidadosa e responsável amante da natureza e da alimentação natural, etc,etc.
 Azar da mãe, sorte da Clarinha!
Na primeira curva foram parar logo na ala temida. Os Ovos brilhavam no seu esplendor laminado e colorido!
 E Clara, 2 aninhos, abriu um sorriso, abriu os braços e disse:
 - Mãe, que maravilha! Que coisa linda esse ovos....é a natureza, né, mãe?
Boa comparação! Ninguém está livre da tentação!


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Denúncia bem feita...e com carinho!




Esta historinha me foi enviada por uma tia-avó de muito boa escuta, ligada que é, nos ditos das crianças e no reparo que elas podem fazer as incongruências cometidas pelos adultos cujo discurso as vezes se opõe aos seus movimentos...


  “ Beto estava ficando muito agressivo, enciumado com toda aquela paparicação com o irmãozinho recém nascido. 
Vai daí, que do alto da minha sabedoria psicológica, aconselhei aos pais que valorizassem o fato de ele já estar crescido, de poder fazer tantas coisas com o papai: jogar futebol, nadar, passear, conversar; coisas que o nenê ainda não sabe fazer, etc. e tal. 
Só que, suspeito que eles carregaram nas tintas. 
Logo depois do Natal, fomos para um Clube, na Barra e enquanto toda a família, dentro da piscina, encontrava um alívio para o calor sufocante, o Beto saiu caladinho e resolveu explorar o Clube sozinho. 
Minha irmã, a avó, percebeu e resolveu segui-lo para que ele não se perdesse ou aprontasse alguma. Vários minutos de caminhada, entra e sai, sobe e desce, minha irmã firme na sua cola. 
Então, ele chamou-a no cantinho e falou: 
-"Vovó, não fica me seguindo desse jeito que vão pensar que sou uma criança pequena!"

segunda-feira, 8 de abril de 2013

QUAL O PROBLEMA??? ...quando um irmãozinho está no pedaço



A mãe embalava o Joãozinho, que quase dormia, feliz.
 A família, em torno, admirava o novo bebê...
 Ao redor, também, o irmãozinho mais velho, ranheta, reivindicava as atenções da mãe, agarrando-se às pernas dela, pedindo, choroso, sabe-se lá o quê...
A mãe, de repente, perde a paciência e diz:
-Rafa! Quer parar com este drama???
Arregalando os olhos, o garoto pára. Olha para a mãe, atento, e pergunta:
- O que é "drama"?
-????
A mãe, resolve corrigir o discurso, ao pensar que tinha se expressado de maneira pouco clara, para uma criança de 2 anos e meio:
- Rafa! QUAL É O SEU PROBLEMA?
-O JOÃO!!..., responde ele prontamente!


domingo, 24 de março de 2013

A proximidade e a diferença


Estava o pai todo feliz ouvindo uma música no rádio do carro. 
Disse ele ao filhinho que assentadinho atrás, em sua cadeirinha, ouvia calado a música::
- Fafá, papai adora essa musica! Eu a ouvia  muito quando era um pouquinho maior que você!!!
A criança, então, disse:
-Quando eu era bem pequeninho e chorava muito, papai Léo, eu não gostava dessa música, não...
- Ah é, Fafá?
 E agora,, você gosta?
- Ainda não...

Ainda não, talvez um dia...
A música que o papai gosta, talvez não seja a dele...
Talvez um dia, talvez nunca...

domingo, 10 de março de 2013

A criança, a linguagem, a vida e a morte





Mamãe, saudosa da própria mãe, fala o nome dela para o filhinho...'Vovó Edith'
- Quem é Vovó Edith?
-A mãe da mamãe...que já morreu...
-Morreu de fome?? pergunta o filhinho
-??? ...
-Morreu de sono???
-???...

Hora em que, já, sujeito e sujeitado à linguagem, a criança fala de sua 'experiência'. A morte de...alguma coisa, coisas de sua experiência e da escuta do seu dia a dia. Morrer de fome, de sono, qualquer hora de ...raiva...de tédio...de amor...de ciúmes...
Mas, o que a criança retorna nesse momento é que há uma falta que se transmite a ela e que a insere na linguagem e na vida, portanto na perspectiva vigente, pulsante e real da morte!

sábado, 19 de janeiro de 2013

Quando a criança sonha!!! Por si mesma...


Papai ouve sons casuais no quarto do filhinho de 2 anos e meio...É sábado e há tempo de curtição. Chega lá e, sonolento o garoto abre os olhinhos.
-Bom dia, Julinho! Dormiu bem?
-Sim, diz o garoto ainda meio sonolento.
-Sonhou comigo? amavelmente diz o pai, sedutor.
-Não, sonhei sozinho!
-....!!!
Primor de resposta para dizer ao pai que já tem sonhos próprios, que não incluem o pai, são só dele, Julinho!
Sinal de crescimento e autonomia...