sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Galo Forte Vingador!!! Paixão herdada!

Quem disse que as crianças não se apaixonam, não se entusiasmam, quando se trata de participar do mundo?
E participar do mundo também é apostar, torcer, querer vibrar junto, acreditar que a vida é alegre e pode ser boa.
Vejam a cena em que duas atleticanas, pequenas, acompanhadas do pai, fizeram sua estreia cantante num grande clássico. Momento campeão!
Animadas, decididas, acompanhando atônitas a força da turba, torcida atleticana, as crianças cantam o hino, que já sabem de cor: "Clube Atlético Mineiro, Galo Forte Vingador...Clube Atlético Mineiro, uma vez até morrer..."

Não é fácil ser atleticano, como não é fácil se entregar à vida e às paixões!

Compromisso com a cor, a alma, a voz e o oceano de gente, que unida, faz a onda num só sonho!

Domingo à beira, de novo, de um rebaixamento, somos, atleticanos, colocados à prova!
Contra o...

o nome do adversário não importa, mas não é qualquer um!

Talvez os adversários não tenham nome mas representem aquilo contra o que não consigamos resistir: nossos medos, nossa inércia, nosso indefectível desejo de ser nada...

Mas, desta vez, vitória!!!

Gostinho, aposta, postamo-nos, valentes, a postos para ainda mais ...

Como diz a menininha, atleticana, pelo vigor de sua determinação:

- "A vida não é para apreciar...a vida é pra seguir em frente!"

Aí estão elas, prontas para a proxima luta! Que será de vida!

Veja também http://amotorresmo.blogspot.com/

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"QUASE MORRI DE QUEIJO!"

Este episódio delicioso, eu o li hoje enquanto esperava meu carro numa concessionária, atendendo a um "recall", que alertava sobre a minha...a aceleração que poderia se desgovernar, caso não trocasse uma fita protetora. Bem, tomo-o emprestado de Fernando Brant, torno-me indiscreta, como costumam ser os mineiros se lhes apraz contar um "causo". Dizem que um mineiro, se conversa com mais de dois, faz uma "inconfidência mineira" fácil, fácil. Mas a mim, o que me move, mais parece a alegria de ver Fernandinho contando coisas da infância, anterior mesmo  àquela em que topei com ele, Ronaldo, Maria Célia, e, às vezes Roberto, nalgumas partidas de bolinha de gude em Diamantina, onde fomos crianças e companheiros de brinquedos.Então encontro-me, eu mesma, com a minha  infância. Dia de "recall".

Diz ele sobre os queijos e suas variedades:
" Quando alguém diz a um mineiro essa palavra, o paladar se abre e ele sente o perfume e o gosto de seu alimento predileto"
E é aí que ele entrega, não sem um gostinho também de infância, a confissão de uma travessura até então encoberta pelo tempo, sei lá por que razão, e que ele deixa vir com o aroma e o gosto do queijo:
"Veio-me à lembrança um fato ocorrido comigo antes dos meus 5 anos, em Caldas, cidade em que nasci. Pensei em contar mas me calei, não sei por que razão. Um dia deram por minha falta e procuraram em todos os cômodos da casa, na rua, convocaram os vizinhos para a busca.Passado um tempo, alguém resolveu abrir o armário da copa. Lá estava eu, branco feito leite. Aberto a porta, eu teria escancarado a boca e minha garganta despejado meio queijo no chão. Coisa de menino mineiro esganado. Quase morri de queijo."  do Estado de Minas, 4a feira, 27 de outubro, "Conversa de mineiros"
Que delícia a imagem para nós, que prezamos o queijo a ponto de nos embriagarmos, na volúpia do gosto e do cheiro!
 Quase morrer de queijo é quase como morrer de amor!

(veja também http://amotorresmo.blogspot.com/ )

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

"E se eu quisesse beijar uma mulher?"



Rafa, 7 anos,capturado pelas imagens das indefectíveis novelas de TV, ao que parecem, constantes na sua crônica de nosso tempo, de repente se agarra à cena de um beijo 'daqueles'.
 Rafa olha a cena sem respirar... E aí diz:
-E se eu quisesse beijar uma mulher?
A tia, que trabalhava ao lado, responde distraidamente:
-Beija, uai!
O  menino continua de olhos agarrados na cena e volta à carga:
- Mas...e se ela não quiser?
A tia ainda distraida..
- Uái, Rafa, num beija...ou então convence ela!
Rafa, pregado estava, pregado continua, cabeça a mil...:
-Mas e se ela estiver de batom?
Aí a tia começa a se interessar, preocupada pela intenção tão decidida mas ambivalente do pequeno homenzinho, que não se resolvia, dadas as possibilidades, a encarar uma mulher..
- Uái, Rafa, beija de baton mesmo, ou pede a ela pra tirar o baton... Resolve, sô!
Rafa fica em silêncio. O silêncio pesa.
A tia pensa:
- Que será que esse menino estará pensando? O que ele vai fazer com a 'mulher dele'?
Então, de repente, olhos vivos de quem achou uma saída, ele se pronuncia:
-Já sei! Eu mato a mulher!
- Tá bom, disse a tia, é bom mesmo você deixar esta questão pra mais tarde! Por agora, espere! Esse beijo ainda virá em boa hora!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Férias, feriar...ferir




Se estar de férias é feriar…ferir, como diz o Aurélio, como descrever os dias instigantes, lindos, espantosos e inesquecíveis em que se tem a chance deixar fluir a vida em companhia de tres crianças?

Feriar é interromper para descanso um período de trabalho.

Também é ferir, tocar, tanger. Bom.

Tocar, tomar proximidade a ponto de encostar, ouvir, falar, perceber, ver com olhos que escutam, escutar com ouvidos que vêem, banhar, pegar, pentear, pintar, arranjar, abraçar, por no colo, aninhar, adormecer...

Ferir é também fazer vibrar como às cordas de um violão recém adquirido e com cordas ainda não muito conhecidas, tesas, as vezes mal afinadas mas sonoras, até encontrar o tom!

Tanger é também dirigir, ordenar, guiar, cavalgar com elas ou puxá-las pelo cabresto, o que as vezes é necessário, antes que se percam de vez...

Cantar e ouvir a indefectível pergunta da pequenina:
Você foi convidada ou está cantando porque quer?

É sugerir que ela tenha modos à mesa e ouvir de novo:
 -Você hoje resolveu ser rainha? Mandar tudo e em todo mundo?

É ver com alegria a diferença, só possível, quando se as ouve.

Mais perguntas, agora da mais velha, menina, já enveredada em questões adultas:
 - O que é mesmo nazismo? Por que haveriam de perseguir judeus? Que sentido faz aquela japonesa usar saltos altos num hotel fazenda, meu deus?

A vivacidade e tomada do hotel pela outra, que de tão sociável e antropológica, pesquisa todas as origens do lugar, das pessoas, dos empregados, e o fotografa com detalhes a modo de uma reportagem!

Enfim, Férias, Feriar, Ferir! Não há como escapar de se deixar ferir por tantos toques, as vezes silentes, as vezes ruidosos de amores tão prontos, urgentes, vivos e imperdíveis de minhas crianças de açúcar!!!
 Doces e lindos pedacinhos de gente, que gente são! E como são!

domingo, 17 de outubro de 2010

Pensando na vida... até que vem a Matinta Perêra!

Josué escreve sobre a vida...
Eu estava aqui pensando na vida e vi a Lua. É um poder né? Tipo dos pokemon. Será que quando Deus criou a Terra a Lua estava lá já? Ou foi tudo junto? É tipo que o pai é o Sol e a mãe é a Lua. Será? Mas Deus tinha que criar a Matinta Pereira*? E aquela floresta ali na frente da casa tá escura. Tô aqui sozinho e acho que ouvi um barulho esquisito. Interrompo minha carta porque tô ficando com medo. Tchau, gente, que eu vou entrar pra dentro de casa!

________________________________________
*A Matinta Pereira é uma ave de vida misteriosa e cujo assobio nunca se sabe de onde vem.
 Dizem que ela é o Saci Pererê em uma de suas formas.
Também assume a forma de uma velha vestida de preto, com o rosto parcialmente coberto. Prefere sair nas noites escuras, sem lua. Quando vê alguma pessoa sozinha, ela dá um assobio ou grito estridente, cujo som lembra a palavra: "Matinta Perêra..."

Para os índios Tupinambás esta ave, era a mensageira das coisas do outro mundo, e que trazia notícias dos parentes mortos. Era chamada de Matintaperera.

Para se descobrir quem é a Matinta Pereira, a pessoa ao ouvir o seu grito ou assobio deve convidá-la para vir à sua casa pela manhã para tomar café.

No dia seguinte, a primeira pessoa que chegar pedindo café ou fumo é a Matinta Pereira. Acredita-se que ela possua poderes sobrenaturais e que seus feitiços possam causar dores ou doenças nas pessoas.

sábado, 16 de outubro de 2010

Josué, a madrasta, a mãe e as mulheres !


 Josué, o pensador divertido, resolve fazer uma homenagem às mulheres por ocasião do dia das mães.
 A mulher homenageada é a madrasta, ops! no caso, parece, "boadrasta". Eis o texto escrito por ele:

Minha gente, minha gente, vamos homenagear estas mulheres tão especiais.
Elas cuidam da gente, são corajosas e tudo mais.
Meu Deus!!!! Como deixar de gostar dessas mulheres?
Sendo mães da gente ou não sendo, são as mulheres fortes.
Mas como sei disso tudo se sou homem? Boa pergunta...como o homem sabe isso tudo de mulher ,sendo homem???? Não quero nem saber!
Eu sou homem e vou dar parabéns às mulheres.


Parabéns, Tia Fernanda!



quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Josué, o pensador ! Notas do diário, nada secreto, de uma criança de 8 anos...


Com seus 8 anos, Josué fala pouco, é objetivo, concentrado e observador.
Porém, quando escreve (e ele tem seu diário nada secreto, pois de vez em quando ele o mostra), é diferente! De vez em quando ele solta uma "pérola", mostrando que está ligado nos acontecimentos.
 Geralmente, os dizeres do pensador têm um quê de perspicácia....
Eis alguns escritos de Josué:
  Opiniões sobre as pessoas:
Sobre Lucas, colega de sala:

Resolvi observar o Lucas porque eu acho que na casa dele tem alguma coisa esquisita. Quero saber se ele se dá com a família, porque vi a vó dele brigando com ele lá no pátio. Ontem fui ao aniversário e cheguei a uma conclusão: ele não gosta da família dele. E agora, como mudar isso?

 Sobre o pai:

Meu pai tem brigado comigo. Tudo bem que eu já tô de recuperação. Mas precisa gritar? Precisa ofender? Eu tô meio triste com ele. Mas, pai é pai, a gente tem que obedecer. Vou fazer o que ele manda e vamos ver no que vai dar.

Sobre Ingrid, meio-irmã:

Nada a declarar. Eu até gosto dela como irmã. Bye bye.

Sobre Tia Joana, professora de história e geografia:

Eu gostava da Tia Joana, mas agora ela está chata. Mas como eu diria...as pessoas mudam!! Ela até mandou um bilhete me dedando na agenda, dizendo que eu estava disperso. Como confiar numa pessoa dessa? Isso é amizade?

 Sobre Paula:

Essa é dura. Disse que me viu beijando a Ana Clara. Pura mentira..aiaiaiai.

Sobre Ana Clara:

I love you....eu gosto mesmo dela. O que foi? Ta rindo de que? Não posso expressar meus sentimentos?

 Sobre Tia Fernanda, a madrasta:

Ela me perguntou se eu gostei do passeio da escola. Não vou mentir: mais ou menos. Ela perguntou de novo, como assim mais ou menos, Josué? É assim, Tia Fernanda: nem mais...nem menos, entendeu? Fui claro?

Sobre Érick, meu primo:

Não liga, não comunica,...realmente, deu a louca nele.





sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Reflexões para quem queira enxergar!


Fefê tinha andado às voltas com a consulta ao oftalmologista e o processo demorado de encontrar os pequenos óculos (já que ela era pequenina também) que se ajustassem adequadamente à sua face.
O fato de que ela os queria bem lindos, bem coloridos, bem bonitos, pois era uma menininha vaidosa, também fazia parte da busca seletiva e da demora na compra dos óculos.
 Óculos à parte, a demora em encontrá-los deixou Fefê também às voltas com pensar o que seria seu “problema”, a correção dele, etc.
No mais, ela estava como sempre feliz e atenta.
Até que, finalmente, chega Fefê, toda orgulhosa, exibindo os lindos óculos cor de rosa, cheios de florinhas estampadas, no aniversário do tio.
Diz a vovó:
-Que linda você ficou! Ainda não a tinha visto com os óculos novos!
- Obrigada, vovó! diz ela, toda dengosa. Sentada ao lado da vovó, ficou silenciosa.
 Dali a alguns instantes, olhando muito séria para ela, diz:

-Vovó, será que cego pensa?

Neste breve momento entre a pergunta e a resposta, vovó se dá conta do “processo” a que a busca dos óculos e, finalmente, a correção da dificuldade teria provocado nela! Muito trabalho, muito pensar, talvez até, muito medo...

- É claro que cego pensa! Mas deve ser um jeito de pensar diferente de quem enxerga, você não acha?

Mas Fefê não parou por aí...

- E será que o cego sabe que a vida é dele?

Uau!!! Vovó teve certeza que Fefê tinha acabado de descobrir muitas coisas novas, talvez até alguma autonomia e responsabilidade com a vidinha dela.
Ela estava enxergando muita coisa, agora que estava de óculos!