quarta-feira, 27 de outubro de 2010

"QUASE MORRI DE QUEIJO!"

Este episódio delicioso, eu o li hoje enquanto esperava meu carro numa concessionária, atendendo a um "recall", que alertava sobre a minha...a aceleração que poderia se desgovernar, caso não trocasse uma fita protetora. Bem, tomo-o emprestado de Fernando Brant, torno-me indiscreta, como costumam ser os mineiros se lhes apraz contar um "causo". Dizem que um mineiro, se conversa com mais de dois, faz uma "inconfidência mineira" fácil, fácil. Mas a mim, o que me move, mais parece a alegria de ver Fernandinho contando coisas da infância, anterior mesmo  àquela em que topei com ele, Ronaldo, Maria Célia, e, às vezes Roberto, nalgumas partidas de bolinha de gude em Diamantina, onde fomos crianças e companheiros de brinquedos.Então encontro-me, eu mesma, com a minha  infância. Dia de "recall".

Diz ele sobre os queijos e suas variedades:
" Quando alguém diz a um mineiro essa palavra, o paladar se abre e ele sente o perfume e o gosto de seu alimento predileto"
E é aí que ele entrega, não sem um gostinho também de infância, a confissão de uma travessura até então encoberta pelo tempo, sei lá por que razão, e que ele deixa vir com o aroma e o gosto do queijo:
"Veio-me à lembrança um fato ocorrido comigo antes dos meus 5 anos, em Caldas, cidade em que nasci. Pensei em contar mas me calei, não sei por que razão. Um dia deram por minha falta e procuraram em todos os cômodos da casa, na rua, convocaram os vizinhos para a busca.Passado um tempo, alguém resolveu abrir o armário da copa. Lá estava eu, branco feito leite. Aberto a porta, eu teria escancarado a boca e minha garganta despejado meio queijo no chão. Coisa de menino mineiro esganado. Quase morri de queijo."  do Estado de Minas, 4a feira, 27 de outubro, "Conversa de mineiros"
Que delícia a imagem para nós, que prezamos o queijo a ponto de nos embriagarmos, na volúpia do gosto e do cheiro!
 Quase morrer de queijo é quase como morrer de amor!

(veja também http://amotorresmo.blogspot.com/ )

2 comentários:

  1. Que coisa mais linda! Que sabor de poesia! Eu já quase morri de leite condensado. Papai comprava tudo aos montes, e guardava na pequena despensa. Eu ia até lá bem quietinha, com um prego e um martelinho, furava a latinha, "sorvia" com enorme prazer, e colocava a pobrezinha vazia lá no fundo do estoque. Descobriram. Mais tarde, adolescente, usei o mesmo subterfúgio com pacotes de cigarro. Que pena! Fumei alguns vários anos. Agora, há dez anos não fumo mais, e saborear queijos, torresmos, leite condensado e outras "cositas" mais, se tornou quase que um ritual de apreciação de todo o gosto "gostoso" de tudo que é bom demais, e a minha volta gloriosa ao leite condensado do papai. Rosângela Regatos.

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  2. Delícia e poesia essas lembranças a respeito da infancia, Rosângela! Elas fazem até hoje nossa mesa e nosso desejo..."leite condensado"..o condensado do desejo. bj Angela

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