segunda-feira, 14 de novembro de 2011

TEMQUE! Que é isso?




Um dia, numa prosa informal, como são aquelas com crianças, se a gente quiser levar uma conversinha boa, a garotinha mais que marota e levada me lança uma questão. Séria, ela me pergunta:

-Ângela, o que é TEMQUE?

Eu, surpresa e sem entender nada, retorno a questão:

-TEMQUE?

-É... porque eu não sei o que quer dizer. Só sei que minha mãe vive falando isso, sem parar!

“TEMQUE tomar banho, TEMQUE estudar, TEMQUE guardar os brinquedos, TEMQUE dormir cedo...TEMQUE dizer muito obrigado...TEMQUE, TEMQUE, TEMQUE!

-Caí na risada e pensei...

-Ih! Quantos ‘TEM QUE’ na vida! Imposições da educação, imperativos categóricos e às vezes cruéis com os quais, cada um ‘tem que’ lidar e se virar com eles!!!

A menininha, pelo menos, já se deu conta de que é algo a se considerar. Registrou a fala materna como uma lei a ser levada em conta, até para fazer a sua crítica!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

E se nascer um cachorro?




Dinho trançava pra lá e pra cá, inquieto desde que mamãe anunciou que ele teria mais um irmãozinho...

Agitado, subia nos sofás, descia da cama, às vezes falava demais, às vezes calava demais.

Muito interessante, quando estava nervoso, arrumava suas gavetinhas.
Colocava em ordem as cuequinhas as meias, as camisas.
A mãe observava preocupada com o que estaria se passando na cabeça do filho, pois, afinal, arrumar as suas coisas e pertences não era um comportamento nele, até então, habitual. Pelo contrário, ela tinha sempre que insistir pra ele colocar ordem em seus brinquedos deixados jogados no chão, ocupando a casa como se a casa fosse um mundo só dele.

Definitivamente, a notícia de um irmão que viria estava perturbando o menininho.

Até que um dia, desconfiado, ele lança de súbito a grande pergunta:

- E se, ao invés de um nenê, nascer um cachorro?

A mãe sorriu e perguntou:

-Como você acha que seria se fosse um cachorro?

-Ah... Ele me obedeceria, eu poderia brincar com ele, levá-lo a passear e não iria ser chato!

Com certeza, não ia ser chato! Nem iria ameaçar o reinado, até agora único, do esperto menininho de 3 anos!

sábado, 24 de setembro de 2011

Papai, me deixa namorar com 16?

Questões na cabeça, questões postas na roda!
Assim a baixinha invocada vira e mexe faz.
Bia, 7 anos, chega no papai e diz:
-Papai, quando eu tiver 16 anos, você vai me deixar namorar?
-Uái, por que você está perguntando? o pai já se preparando para outra prova de fogo e de jogo de cintura...
-Porque eu quero ter filho com 30 anos!
-???!!!??? E então?
- Porque eu quero começar a namorar com 16 anos, namorar muuuuito, casar e ter filho com 30 anos!
-???Não entendi...
-Tô perguntando, porque se você não me deixar namorar com 16, por exemplo, só me deixar namorar com 18, vai me atrasar os planos todos!! Vou namorar muito casar mais tarde e só ter filho com 32!
Pobre papai! Que fique esperto com a malícia das mulheres,  já evidente na pequenina desde sempre!

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O contador de histórias 'modificadas'! Jeito de mudar a vida!


Chiquinho adorava "modificar" as historinhas infantis que ouvia ou lia...
Parecia que, com isso, tentava, de modo criativo, reinventar, refazer o que nas histórias, ou lhe dava medo, ou aflição.
 Ou, talvez, simplesmente, encontrar um melhor desfecho.
Ah! Ele adorava finais felizes! As vezes, nem esperava os finais para tornar a história feliz!
Nas histórias que inventava, as maldades se tornavam coisas engraçadas, os personagens bonzinhos passavam a ser mais espertos, os caçadores cheios de 'manhas', as princesinhas, cheias de críticas a seu tempo e sociedade, os reis e rainhas, flexíveis e a vida mais leve.
Acho que era isso! Era preciso que a vida e as pessoas fossem mais leves!
Chiquinho era criativo e sonhador...mas nem tanto!
Um belo dia descobriu o interesse que provocava nos amiguinhos e colegas e até nos irmãos.
 Muniu-se de seu charme e convidou-os para uma "sessão de historinhas". O ingresso seria cobrado! Duas moedas seriam suficientes, mas necessárias! A primeira estória do programa seria "Chapeuzinho Vermelho Modificada"! As crianças que costumavam ouvir de graça as histórias de Chiquinho, primeiro reclamaram! Mas, que fazer? adoravam aquelas modificações! Que aconteceria? Chapeuzinho iria de carro pra casa da avó? O lobo se disfarçaria de vendedor de livros? Ela toparia o convite pra depois deixá-lo com cara de bobo na porta da Delegacia?
Não resistiram e a partir daí, muitas dessas sessões de 'histórias' se realizariam!
Desconfio que uma carreira de "Contador de Histórias" aí se iniciou...ou não.
Apenas a de um fazedor de histórias que insistentemente tentava fazer a vida mais suave e crítica!

sábado, 18 de junho de 2011

Verdade e Vergonha, duas palavras e uma criança

O menininho inteligente e curioso passeia com a mãe.

De repente encontram uma grande amiga dela, conhecida da criança.

As duas conversam que conversam e conversam.

A criança observa, atenta.

Falam, com certeza, de outras pessoas, da vida, assuntos variados que não acabam mais...

De repente surge da criança uma pergunta que a mãe teria preferido ignorar.
 Ela até tenta.
Mas a criança insiste e a repete:

_Ô Fulana? Por que é que você não se casou?

A amiga se recompõe, suspira fundo, vai ao fundo de seu repertório de ‘respostas prontas para meninos curiosos e incômodos’ e diz titubeando:

-Ah, querido, é muito complicado de explicar...
E sorri um sorriso frouxo e inibido, quase amarelo.

O menino, quase matando a mãe de vergonha:

-Precisa explicar não. Eu sei o porquê. É por que você é feia demais!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

A tristeza da mamãe, o menino e o cobertorzinho mágico!

A mãe se jogou, triste e cansada das pelejas da vida, na cama que ali se oferecia para ela.
Quietinha, não tinha vontade de se levantar para nada naquele dia...
Seu filho de 3 anos, vinha e voltava e a olhava..
Vinha e voltava e a olhava...
Nada de mamãe, sempre tão alegre e ativa, se levantar...
Foi então que apareceu muito vivo, com seu cobertorzinho predileto, o azulzinho de flanela maciinha, aquele com cheirinho de muito usado, mas muito querido, que ele chamava de "minha bebete"!
Dormia com ele (ou será ela, a "bebete"? ) todas as noites...sem falta!
Será que era sem falta mesmo? Mas que era um conforto, lá isso era!
E de mansinho, se aproximou da mamãe, beijou-a e disse:
-Mamãe, não fique triste! Eu te empresto o meu cobertorzinho! Quando eu estou triste eu passo a mão nele, assim, de levinho, bem na beiradinha e aí fica tudo muito melhor!
Mamãe compreendeu a aflição do pequenino, agradeceu o carinho e tratou de pular da cama!
A vida estava lá, nas mãozinhas dele, que lhe ensinava alguma coisa!

domingo, 8 de maio de 2011

"Ralando na verdura"? Isso não é justo!


A adolescente, ainda iniciante nos programas 'up to date'...tais como sair com os colegas, chega de mansinho para conseguir a autorização da mãe:
- Mãe...já está na hora de você me deixar ir com meus colegas ao shopping depois da aula, ao cinema...
Nem terminou e a mãe:
-Ainda é muito cedo, você ainda nem fez 11 anos, apesar do tamanho...!
-Ah, mãe, que é que tem? A gente só vai comer hamburguer, tomar sorvete, conversar...
E a irmãzinha pequena, sempre de olho, admirada e atenta à irmã. acompanhava com cuidado a conversa.
 A maior insistia, a mãe negava e a pequenina observava.
Até que, finalmente, não resistiu à tentação de  meter sua colherinha de pau na conversa:
-Com licença! Tenho uma observação a fazer!
A mãe:
-O quê?´
-Não estou achando justo esta história da minha irmã ir pro shopping durante a semana, comer hamburguer, tomar sorvete...
-?????
-Uái! Aqui em casa, não é regra que a gente não come besteiras durante a semana? Só come comidas saudáveis?
Tá certo que ela é maiorzinha que eu e pode fazer coisas que eu não posso!
O que não acho mesmo justo é ela ir pro shopping comer estas coisas boas durante a semana e eu ficar aqui em casa só "ralando na verdura"!

domingo, 1 de maio de 2011

A verdade, mesmo que calada por um tempo... acaba dando as caras!



 Ao fazer, com a avó, uma visita à dona Maria, sorveteira no interior, Aninha falou baixinho para a avó:
-"Ih! Essa casa é feia e velha!"
A avó colocou o dedo nos lábios pedindo silêncio. Apertada, Aninha cochichou:
- "Você acha que ela ouviu?"
 E a avó:
- "Não sei, filha, mas, se ouviu, ela vai ficar muito triste."
 A visita continuou e Aninha cada vez mais calada e embutida.
 Até que depois de tomar um sorvete, dona Maria se ofereceu para lavar as maozinhas meladas da menina.
A avó sentia-se, a bem da verdade, aliviada pelo fato de dona Maria, tão gentil, não ter ouvido nada...
Enquanto dona Maria lavava as mãozinhas de Aninha, a garotinha voltou para ela os olhos marejados de lágrimas e exclamou:
- "Desculpe, D. Maria, me desculpe, por favor!"
Surpresa, a mulher disse:
- "Desculpar o quê, Aninha?"
E ela se debulhando em soluços:
- "Por eu achar que sua casa é feia e velha!".

quarta-feira, 27 de abril de 2011

A verdade é impiedosa e tem de ser, pelo menos, revestida!



Suzana,  sobrinha neta de tia Sol, quatro anos, como toda criança é de uma franqueza impiedosa, mas, é também conhecida pela sua ironia.
Há pouco tempo, recebeu um "carão" do tio:
- "Suzana, não se pode dizer que uma pessoa é feia! Ela vai ficar muito triste  e magoada! Diga, no máximo, que ela é simpática e pronto!"
 Recado dado, eles partiram para visitar uma parenta velhinha que queria muito conhecer a menina.
 Feliz com a visita da criança e não tendo com que presentear a pequena, a senhora pegou um horrendo colar de contas e colocou no pescoço da garota.
 Suzaninha, diante do olhar severo do tio, manteve a coisa no pescoço, quase sem se mexer, durante toda a visita. De repente a senhora exclama:
- "Então, Suzana, gostou? Não é lindo o colar?"
 A menina olhou firme o tio e soltou essa pérola:
- "O colar é MUUUUUITO simpático, não é, tio?"

Esta crônica da sinceridade infantil, até me lembrou outra, parecida, já contada no blog, que pode ser acessada pelo link abaixo, onde a verdade, que não é muito fácil de se ver ou sustentar,  tem de pelo menos ser tocada ou ouvida!(http://criantiaecontos.blogspot.com/2010/08/gostei-mas-quero-cuspir.html)

sábado, 16 de abril de 2011

Ovos de Páscoa, o menino esperto e a mãe


Léo e a mãe iam da escola para casa numa bela tarde de outono, como aquelas em que um friozinho se avizinha, mas ainda não deu de fato as caras, num mês de abril.

Era quase Páscoa.

A conversa rolava solta entre eles, como sempre acontecia quando mamãe ia buscá-lo na escola.

Assuntos variados, blá, blá, blá, como tinha sido o dia, o que houve de interessante na aula, etc.

Eis que mamãe, então, começa uma consideração sobre a Páscoa.

Como seria a comemoração, as brincadeiras e, então, o que ela havia pensado sobre “ovos de páscoa”:

-Meu filho, como os ovos de páscoa estão caros! Absurdo o que se cobra, só porque é Páscoa, por 100 ou 200grs de chocolate! Você não acha?

Léo, só calado, ouvindo...

- Muito melhor seria, afinal, comprar uma barra de chocolate, de chocolate puro, maciço, muito mais gostoso e mais justo!

Léo, só calado, ouvindo...

- Acho que é o que vou fazer! Comprar uma bela barra de chocolate para você e para seus irmãos! O que você acha?

Foi então que decidida e firmemente Léo, finalmente se manifestou:

-Eu acho que você pode fazer o que achar melhor...

mas se eu não ganhar um ovo de páscoa nesta Páscoa... isso vai lhe custar anos de análise para mim!

A mãe, entre surpresa e divertida, percebeu o sentido da proposta que estava fazendo e, por que não, a inteligência brilhante e perspicaz do filhote de analista!

Ovos de Páscoa, afinal, não custavam tanto!

Ovos de Páscoa valiam muito!

Ovos de páscoa ...

ah...que será que significavam para cada criança neste mundo??

quarta-feira, 13 de abril de 2011

IMPOSTOS, EXCESSOS, preocupação das crianças também!



Dinho observava, atento, sempre, o que se passava à sua volta.
Era calado, mas preciso, quando se manifestava...
Dificuldades financeiras, comentários preocupados dos pais com as contas, impostos, compromissos, o dia a dia  eram registrados por ele.
Algumas coisas mais repisadas lhe soavam importantes.
Tentava entendê-las e se informar, tirar conclusões e se situar na vida, como fazem todas as crianças, a partir do que ouvem das pessoas próximas.
Então, um dia, acompanhando a mãe ao trabalho, viu passar uma colega dela, cujo 'traseiro' era consideravelmente grande...
Olhou, olhou e finalmente concluiu seriamente:
- Nóooo, mãe! Se bumbum pagasse imposto, essa moça estaria na miséria, hein?
-??!!!!

domingo, 10 de abril de 2011

Amigo é coisa pra se pensar...



Mariana, sempre deu o que pensar com as questões que colocou sobre a vida, para os adultos.
 Mas, ela também, pensa...
E diz:
-A amizade é coisa que a gente pensa e repensa...
-Como assim? pergunta a avó.
- Quando a gente gosta de alguém, a gente pensa e pensa e repensa o dia inteiro na pessoa que a gente gosta, não é?
-É verdade...ouve a avó aguardando o que se segue.
-Mas também é preciso que a gente pense e repense as amizades...o que elas são, se valem a pena.se são verdadeiras.
Então, amizade é coisa que a gente pensa e repensa, é ou não é?
A avó vê que algo, naquele minuto, se conclui.
Está dito e, ao que parece, feito, por Mariana.
Amizade é algo muito importante para ela, não resta dúvida!
E pra quem não é?

quinta-feira, 31 de março de 2011

Finge!


O menininho serelepe brincava de mágico, brandindo sua varinha que iria transformar o mundo...
Cores, formas, pessoas, afinal, a vida!
Chega saltitando junto à avó, perdida nos seus pensamentos de final de dia de trabalho, talvez, no amanhã e nas preocupações prosaicas, tão prosaicas como contas a pagar.
Aí é que entra, como um invasor benéfico, o netinho "mágico":
-Vovó, diga o que você mais deseja e eu farei a mágica!
A vovó, imediata:
- Uái! Um carro novo!
O garotinho, saltou, girou várias vezes a varinha mágica e finalmente, em tom solene, disse:
-Pronto! Está feito!
A vovó, já consumida pela vida e seus percalços desafia:
-Então vamos lá na garagem para ver.
O netinho, sem se perturbar a acompanha. Lá chegando a avó constata:
-Mas não estou vendo nenhum carro novo...
Diz então sabiamente o menino, que sabia muito bem do que estava oferecendo a avó, na sua fantasia:
-Finge!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"MINHA VIDA" ...alguns acréscimos, do original, a bem da verdade!

Recebi ontem o original do livro de Fefê: A bem da verdade, reescrevo o que não foi registrado de minha memória na postagem anterior. Esta pode ser consultada, para os comentários que fiz, que permanecem inalterados. http://criantiaecontos.blogspot.com/2011/02/o-livro-da-vida-por-fefe.html



" Quando bebê tinha minha família boa para ficar.
Com minha mãe aprendi a ser cuidadosa com as coisas e com meu pai a ser esportiva e legal.
Com minha irmã, a ser criativa.
Com minha vó a ser arrumada e com meu avô a explicar.

Com meus tios a jogar jogo e ser brincalhona. Com as tias a sair livre pela natureza.
Com as primas a escrever e sozinha, a andar.
Com os amigos aprendi a ser entendida, ter jeito  e ser amorosa.
Com as professoras, a ser esperta e com Deus, fofa!

Agora estou com 6 anos, escrevendo.

Me chamam de Fê como apelido. Fernanda é  o meu nome. Eu escrevo, desenho e me arrumo. Sou uma menina que gosta de se arrumar!!!
Estudo, tenho professores queridos. Na escola, tenho amor e alegria com os colegas legais.
Estou feliz com a minha vida.
A vida não é para apreciar, é para seguir em frente!"


E à última página, como um anexo, ecrito em caneta vermelha, como uma observação final:
" A vida é uma caixa perigosa"
Fê. Esta é a minha vida.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"O Livro da Vida", por Fefê



Tão logo, aos 6 anos, se viu munida de algumas letras, lápis e papel, no afã de comunicar seus pensamentos e questões, Fefê se pôs a escrever o que chamou de "Livro da Vida".
Recolheu-se ao escritório da casa da vovó, pois junto às primas mais velhas e à irmã também maior, não encontrava acolhimento para o que queria fazer...
Enquanto os adultos conversavam, ela produzia o seu texto.
Finalmente o apresentou, cada página ilustrada, uma a uma, em capítulos:

"Minha vida é assim:
Com meu pai aprendo a ter "esportiva" e a brincar.
Com minha mãe aprendo a ser "feminina".
Com minha avó aprendo a ser "arrumada".
Com meu avô aprendo a explicar.
E a vida não é para ser apreciada. A vida é para seguir em frente!"

A avó quis saber mais sobre o que seria ser "arrumada" e Fefê respondeu:
- Estar bem arrumada, ser elegante! Arrumar as coisas que eu deixo jogadas, colocá-las no lugar...
E com seu avô você aprendeu a explicar? como é isso? quis saber a avó...
-Uái, é porque ele não ouve direito, a gente fala uma coisa e ele não entende aí eu tenho que explicar de novo! Ai eu falo, aí ele não entende, aí eu tenho que explicar...aí aprendi a explicar!
Finalmente, a avó reservou sua última questão:
_ E que estória é essa de que "a vida não é para ser apreciada"?
- Uái, vó, a gente não pode só ficar apreciando, apreciando, olhando a vida passar...a vida é para seguir em frente!
Diante de tal firmeza de direção para o seu "Livro da Vida"...e da escritura de Fefê sobre o que está aprendendo...que dizer a não ser passar adiante o que pode nos valer como questão? Apreciar...mas Seguir em frente!

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

SOBRE GORDOS E FOFOCAS...VÁ LÁ SE ENTENDER OS ADULTOS!

Nina, aos 6 anos, se dirige a avó com a enfática afirmação:
-Detesto gordos!
A avó, surpresa, resolve fazer uma correção:
-Que é isso, Nina? Existem tantos gordos interessantes, bacanas, bla,bla,bla....
-É mesmo, vovó, não tinha pensado nisso.
A avó, continuando seu papel educativo:
-Além do mais, pelo que eu posso notar, você é que não gosta de "ser gorda" e pra isso, come saudavelmente, faz natação, bla,bla,bla...
-É, entendi...mas me explica um pouco mais...queria entender um pouco sobre esta estória de "fofoca".
-???? Fofoca? Como assim?
-É que minha mãe me xingou de "fofoqueira"!
-Uái! Por quê?
-Por que eu disse pra minha tia Chiquinha que minha mãe falou que ela estava gorda!
E aí minha mãe brigou muito comigo e me chamou de "fofoqueira"!
-Credo, Nina! Por que você falou isso?
-Não entendi porque minha mãe me xingou...Se ela, minha mãe, falou que a tia Chiquinha estava gorda...porque EU não podia falar? Não entendo mesmo esse negócio de fofoca!
A avó, atrapalhada, tentando achar um ponto de conciliação para lógica tão evidente e indiscutível, disse a ela:
-Nina, eu também acho complicado esse negócio de fofoca..
Mas, para todos os efeitos, vovó vai te dar uma dica:
-???
-Jamais, em tempo algum, sob nenhuma circunstância, NUNCA, entendeu? diga a uma mulher que ela está gorda, tá bem?
- Ahmmmm.....tá bem, agora entendi....!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

O pequenino analista e a mãe ou ...não me chame de "meu amor"!

A mãe, recém separada, não percebe que se apega demasiadamente ao filhinho de 3 anos.
Abraça, aperta, carrega pra lá e pra cá, até que um dia....
- Mamãe, me faz um favor?
-??? Claro, meu amor!
- Pode me chamar de "meu filho", "meu filhinho", de Leo, de "Lequinho".
-Não me chame de "meu amor', de "meu querido", de "meu benzinho", porque estas coisas a gente fala é pra namorado, tá?
-!!!!!!
A mãe se recolheu às suas questões, às quais, e só a elas, devia atentar, com a ajuda do pequenino analista !

sábado, 8 de janeiro de 2011

Falcon, a boneca dos meninos! Saída criativa para se haver com a interdição...


Feliz da vida com seu brinquedinho mais querido, solicitado com vigor ao Papai Noel, lá pelos anos 80, Leo (o garotinho devia ter seus 5 a 6 anos), vestia e desvestia, mudava de posição, fazia o bonequinho saltar, botava-o para dormir, numa intensa atividade que durava o dia inteiro.
 As vezes montava uma longa guerra em que o Falcon,vocês se lembram? assim se chamava o boneco, era o herói e personagem do bem.
As vezes ele era simplesmente o amigo.
Às vezes o pai, às vezes o filho, às vezes o vilão por alguns instantes.
Às vezes o bebê que não queira deixar que o trocassem ou banhassem.
Enfim, o Falcon, servia a todas as fantasias do garoto, e, por isso ele não o largava e até dormia com ele.
Um belo dia, distraidamente, faz a seguinte observação à mãe:
- Mãe, esse cara que inventou esse boneco Falcon é inteligente "pra daná", você não acha?
-Ué, meu filho, por quê?
-Ora mãe...os meninos ficam doidos pra brincar com bonecas e os pais e as mães não deixam!
O Falcon é bacana porque a gente pode brincar à vontade de boneca...a gente troca a roupa, faz dormir...tudo, e ninguém fala nada! É uma boneca de meninos! kkkk
A mãe não teve o que dizer mesmo...Ficou surpresa com o recurso dele!
Cada um se autoriza de si mesmo nas suas escolhas.E elas cabem a cada um, a seu modo...

sábado, 1 de janeiro de 2011

E agora, vovô? Você vai morrer?


Natal, Ano Novo, temas que levam sempre à questão sempre universal da finitude, do nascimento e seus mistérios! Assim...as crianças trazem, de novo e sempre novas as perguntas insistentes de todo mundo e não só delas, sobre o nascimento, a vida e a morte!

Foi assim que a menininha, filha caçula de uma mãe também caçula de uma família muito numerosa ouvia com frequência observações sobre a velhice do avô.
"Ah...êle é muito forte, mas a cabecinha, coitado! já não dá muita notícia de nada!".
 "Que é isso, gente! Ele bem que dá notícia do que quer! Outro dia conheceu bem a netinha, mesmo que tenha pensado que era a filha caçula!"
 "Vocês vão ver! Vai passar dos 100, tranquilo!"
E, não raras vezes a netinha de 5 anos ouviu o próprio avô anunciar:
- "Só vou morrer depois que fizer 90 anos!"
Até que um belo dia, o dia festivo e esperado dos 90 anos chegou. Preparativos, bolo, doces, comidas boas, reunião de toda a família, etc, alegria geral.
Mas a netinha...intrigada e inquieta trançava pra lá e pra cá. Ninguém se dava conta do porquê de tanta agitação e desassossego. Só ela. Arredia, calada, perguntava a toda hora somente pela "hora dos parabéns".
-Calma, menina! Depois do almoço, na hora dos doces! Vovô vai soprar as 90 velinhas dele. Talvez ele deixe você soprar algumas!
A hora chegada, cantoria, palmas, sopro e velas...algumas lágrimas e então para surpresa de todos, o impacto da vozinha dela, com a carinha mais bonitinha, aliviada, de quem aguardara aquela hora como uma outra qualquer de expectativa de um acontecimento da vida...:
-  E agora vovô? Você vai morrer? (ao que parece aludindo a "como havia dito, prometido, anunciado?")
Ao que parece a questão dela permanece, quanto a esta hora...
  "quando é que a gente morre?" "a gente resolve quando?"