sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Menino "on-line" ...o que faz um celular!!!


Natal chegou e Chiquinho, 7 anos, descobre, surpreso que Papai Noel lhe havia deixado na árvore, um celular!
- Gente! Eu nem tinha pedido isso!!? Como será que funciona mesmo? Ih! Esse aqui é chique e complicado! Vou ter que estudar muito como faz para ligar para os meus amigos! Que bom, então que vou falar com meus amigos!
Os pais de Chiquinho se separaram de modo atribulado. Ciumentos, ainda um do outro, a todo o momento, queriam saber, um, o que o outro fazia...Como?
Chiquinho começou a descobrir. Se estava com mamãe, o telefone tocava. Chiquinho atendia correndo o celular. Quem era? O papai querendo saber onde ele estava com a mamãe, o que estavam fazendo, etc...
Se estava com o papai, o celular tocava...Chiquinho corria pensando serem os amiguinhos...mas, quem era? A mamãe sondando onde ele estava com o papai, etc,etc...até que Chiquinho "sacou"... E furioso, depois de me contar toda esta história, disse:
-Não sou um "menino on-line"! Vou desligar o celular! Eles que, se quiserem, falem diretamente um com o outro! Tô fora!!! Não vou ser meio-de-campo, não!
 Chiquinho correu a brincar alegremente com os amiguinhos, que chamava do telefone fixo ou pessoalmente!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

PAPAI NOEL EXISTE!!!



-Papai Noel não existe!!! gritou enfaticamente a irmã mais velha à mais nova, nos seus 8 anos!
- NÃO EXISTE, FALOU? insiste a adolescente na sua investida de verdade!
 A adolescência grita por verdades, quer verdades, denuncia verdades!
A pequerrucha, olhos arregalados e postura altiva acaba com a discussão:
- Eu acredito que Papai Noel exista! E...e...é mais conveniente, mais interessante para a minha vida,  que ele exista, está bem? Falou? E deu as costas à questão que no momento não lhe interessava...

sábado, 22 de setembro de 2012

Um irmãozinho, o que será???




Um irmãozinho é apenas um significante, ' adiantado' à criança, antes de nascer, pelos pais e pessoas em torno dela...
Sabe ela lá o que é " um irmãozinho"???
 Mas, se nunca teve um, começa a ouvir e a ouvir, vira e mexe, todos os dias,  quanto mais se aproxima a data do nascimento e começa a fazer seu próprio juízo.
Imagina que, já que há uma invasão de "irmãozinho" na conversa dos adultos, pode ser um " invasor"... Começam perguntando a ele: Como é o nome da mamãe? Como é o nome do papai? Como é o seu nome? e finalmente, Como é o nome de seu irmãozinho? ( que ainda nem nasceu, mas já anuncia uma presença insistente!)
Até que então ele já desconfia: Vou ter de me haver com esse 'carinha'!...
Nasce o "irmãozinho" e alguém diz:
-Veja, Fulaninho, que gracinha é o seu irmãozinho!
 E o Fulaninho, espertamente, já anunciando os ciúmes de que vai ser tomado:
- É, é  bonitinho! Mas quem vai ser a mamãezinha dele???

domingo, 10 de junho de 2012

Sexo e Morte, questões da criança!





Luizinho ganhou, a seu pedido, uma linda coelhinha branca. Brincava com ela e lhe dispensava todos os cuidados exigidos por um bichinho de estimação. Era um garoto inteligente, saudável e curioso.

Por quê isso, para quê aquilo eram suas frases prediletas.

Até que um dia, conforme observou, sua coelhinha, crescida que já estava, começou a lhe parecer desassossegada e irritadiça.

Xuxa, como ele a chamava, branquinha como a apresentadora de televisão de sua preferência, era vista por ele como alguém “humano” e cheio de vontades.

Não demorou, chegou perto da mãe e disse:

-Mamãe, estou achando que, agora que já cresceu, a Xuxa precisa “cruzar”, porque, se não, ela vai ficar “neurótica”!

-????!!!! Neurótica? Se não “cruzar”???

-É, porque fiquei sabendo que se os animais não cruzarem, ficam muito nervosos!...É preciso arranjar um namorado pra ela...

-!!!????

A mãe continuava surpresa, atônita mesmo!

Mas Luizinho, calmamente continuou seu raciocínio e seu pedido dirigido à mãe.

- É isso mesmo! Porque eu já tentei, e não tem como “cruzar” com ela!...

Curiosamente, dias depois, a Xuxa, brincando no canteiro da área, seu terreno de saltos e corridas, engoliu um pequeno pedregulho e morreu.
 Luizinho ficou inconsolável...sem entender porque uma coelhinha, já crescida, que ele imaginava até precisada de namorado, iria engolir uma pedra!!! Por quê?

Sexo e morte, questões desde sempre na fantasia das crianças.

Questões que exigem trabalho e demandam espaço para se formularem aos adultos! Pelo menos aos adultos que se prestarem a ouvi-las sem se angustiarem e até, quem sabe, suportarem não respondê-las, para que as crianças possam, elas mesmas, fazerem suas construções!



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sábado, 2 de junho de 2012

CRIANTIA E CONTOS, CRIANDO ALMA E CRESCENDO!!!


Criantia e Contos, de sua "criação" em junho de 2010, vem como o próprio tema e propósito, criando alma, crescendo, encontrando sua linguagem e público. Seus temas são, afinal, sugeridos pelas próprias crianças com quem os adultos convivem, se os adultos as ouvem, acolhem, ou mesmo, se se assustam com eles. Das estórias contadas, interessante, aquela que foi mais visitada,se refere às reflexões de uma criança de 4 anos sobre a morte (http://criantiaecontos.blogspot.com/2010/06/quando-morte-ja-e-uma-questao-e.html).Vê-se que surpreende aos adultos que em tão tenra idade, a criança se ponha a questionar a vida, via suas perguntas e observações sobre a morte. A segunda postagem mais visitada, é uma estória escrita por uma criança sôbre um amor impossível. Curioso que nós não nos convençamos de que todos eles, os amores, o sejam. Da contingência  e do que é possível, esbarramos sempre com o que há de impossibilidade na relação humana, seja ela qual for.(http://criantiaecontos.blogspot.com/2010/05/vaca-e-o-carrapato-um-amor-impossivel.html ). Assim, desfila para nós, e vale a pena relê-lo nestas estórias todas, o trabalho contínuo, pulsante e desafiador para nós, de elaboração dos temas e angústias humanos, que as crianças nos propõem. Obrigada a todos os que, corajosos, se dispôem também. Vêm eles, navegantes de muitos pontos do mundo: Brasil, Estados Unidos, Portugal, Canadá, Argentina, Alemanha, Japão, Rússia, Romênia e Arábia Saudita...e o blog é publicado em português...mas agora traduzido em 7 idiomas.
Criantia e Contos, 22 450 acessos e muito trabalho!

Um pai em apuros...mas, criativo!



O que um pai não há de fazer para cuidar, atender e dar conta do filhinho, quando a mãe viaja?
Isso foi o que aconteceu com o jovem pai, é verdade, já habituado a cuidar de seu pimpolho em ocasiões corriqueiras, aos finais de semana, dia a dia, etc. Mas é bem diferente quando a mãe se ausenta por uns dias e o garotinho de quase 2 anos adoece! Aí, haja criatividade! Ele liga para o médico, leva-o para uma consulta, mas, o que é pior, o baixinho começa a resistir aos remédios receitados e o pai, enfim tem de criar seus recursos de conseguir que ele os tome. Então o pai descobre que um deles é deixar lápis e papel disponíveis para o menino desenhar e, quem sabe, ele mesmo desenterrar sua infantil capacidade de se expressar através dos desenhos, enquanto inventa uma historinha para convencer o garotinho a tomar seu remedinho. Imaginem, pela ilustração, a história:
"Era uma vez...um menininho muito bacana que era jogador de futebol. Aí ele ficou doente e...não teve jeito, teve de ir ao médico porque estava muito 'dodói'.Cada melecão!!! O médico mandou tomar um remédio e ele tomou direitinho. Então sarou e ficou feliz! Voltou a jogar bola e fez muitos gols! "
Acreditam que a brincadeira funcionou??

(O desenho acima é legítimo recurso do pai em questão, do qual resolvemos respeitar a identidade, para seu sossego e privacidade! )

sábado, 19 de maio de 2012

Questões sobre a herança, preocupação das crianças!

O menino, de olhos cor de violeta maravilhosos, bonitinho, inteligente, chegou em casa tristinho e disse à mãe:
- Ah...de que adianta eu ter esses olhos tão azuis, de ‘Martha Rocha’( pra quem não sabe, a primeira Miss Brasil famosa pelos seus olhos) se eu sou tão pequenininho???
Um outro também muito bonitinho, inteligente, vivo, chega chorando com uma questão também importante:
- Mãe, eu não queria me chamar Manuelzinho!
A mãe, com presteza, pois havia querido homenagear o marido e pai da criança, com o nome dele:
- Que é isso, meu filho? Um nome tão bonito!
- Eu não queria esse nome...
- Então, que nome você queria?
- Eu queria era me chamar “Fanquisquinho!”
Tais são movimentos precoces e importantes da criança, ao  recusar para recriar e tornar própria a herança que se recebe dos pais... Não quero, não é bastante, não é só isso que importa, não preciso estar preso ao que meus pais desejam, nem ao que  a cultura me determina sem contestação... Ou até, com humor, fazer daquilo que não se pode mudar alguma coisa diferente na sua própria postura.
Exemplo disso é o garoto que, cabelos cacheados, reclama deles e tenta torná-los lisos a poder de muita escova e água, sem sucesso...E a mãe para tranquilizá-lo:
- Que é isso, meu filho? Você fica tão bonitinho, como o Menino Jesus de Praga!...
E ele, prontamente:
-Tá mais parecendo é praga do Menino Jesus!!!
Já bem dizia Goethe: “Aquilo que herdaste de teu pai, conquista-o para fazê-lo teu”!


sábado, 31 de março de 2012

ERA UMA VEZ....A FÁBULA DA CRIANÇA LÓGICA



Uma professora ensinava com muita seriedade e, por que não dizer, convicção, às suas crianças, o que era uma "fábula".
Fábula seria uma história cujos personagens eram, em geral, animais, e que, traziam no seu conteúdo, ensinamentos dos quais os "seres humanos" poderiam se beneficiar, se prestassem atenção.
 Havia  um certo moralismo, certamente, pois, ao final, havia sempre um "ditado" ou uma "moral da história".
 Pois bem. Contadas várias fábulas, que as crianças adoravam, a professora resolve verificar o aproveitamento dos alunos e, com certeza, o seu desempenho de mestra.
Chegou o dia do exame e ela formula sua prova.
 Para os alunos "completarem" a frase ela escreve:
- Uma fábula, em geral começa com..........e termina com........
Não demorou, Joãozinho, muito vivo e agitado entrega a sua.
 E com ela, sua resposta mais que lógica:
-Uma fábula começa com letra maiúscula e termina com ponto final.
Poderia a professora tomar sua resposta como erro?
 Ou seria melhor admitir, por parte do aluno vivaz, a mais absoluta lógica, indiscutível e inegável e tratar de pensar se sua questão, deixou mesmo margem a interpretações abertas a muitos sentidos?


quinta-feira, 1 de março de 2012

O que é "frágil"???



Beto tem 5 anos. Os pais lhe prometeram um irmãozinho que iria chegar mais no fim do ano, com quem ele iria brincar muito, etc. etc. e tal. Infelizmente, o irmãozinho chegou aos 6 meses de gestação, pesando 700 gramas, ficou por 5 meses na UTI, entre a vida e a morte, até que, finalmente, o pequeno bebezinho pôde vir prá casa. Traumatizados, os pais montaram um aparato bélico prá receber o nenen, babá, enfermeira, fisioterapeuta, visitas controladas, etc. e tal. Foi explicado ao Beto, pelo pai, que o irmãozinho era muito frágil e ele teria de lavar bem as mãos, todas as vêzes que quisesse tocar nele. Outro dia, depois de jogar futebol no parquinho, lá vem o Beto coberto de sujeira, suor e esfolados nas canelas, encontra o irmão no berço chorando pela mamadeira que custava a vir. Um dedinho sujo foi posto na boquinha do nenen que o chupou gulosamente. Em pânico, o pai botou nosso herói de castigo em um canto da sala, berrando:
-"Eu já não lhe expliquei mil vêzes que seu irmão é uma criança frágil?"
Após algum tempo de lágrimas, quando foi autorizado a sair do castigo, ele correu prá cozinha e perguntou prá empregada:
-"Carmem, o que é "frágil"?
 Espantada ela respondeu:
-"Ora, Beto, frágil é uma coisa que se quebra atoa."
Aí, ele pensou um pouco e falou:
- "Quer dizer que se eu tocar no meu irmão ele quebra?"

As crianças, se ainda lhe faltam recursos simbólicos, costumam tomar 'ao pé da letra ' o que lhes dizemos. Atenção!

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Nunca subestime uma criança! Ela sabe se contentar!



- A professora pediu para fazer um trabalho sobre os "pontos turísticos"de Belo Horizonte!Estive pensando em fazer alguma coisa diferente!
E dirigindo-se ao pai:
-Vamos visitar os lugares e tirar um retrato deles?
O pai, orgulhoso da inteligência e vivacidade da filha, resolve participar da "pesquisa"dela. Levantam-se cedo no sábado, aprontam-se e, munidos de máquina fotográfica, iniciam o "tour". Ao chegarem aos lugares, a filhinha introduz novo elemento:
-Espera lá, papai! Eu quero sair nas fotos! Afinal a pesquisa é minha!
E faz todas as poses, dengosa, em primeiro plano, em todas elas...

É isso:
A pesquisa é sempre do próprio sujeito, seja ela qual for, em que circunstâncias for. a pesquisa atende sempre a uma questão do sujeito. A menininha envolveu o papai em um passeio agradável, visitou os 'pontos agradáveis'da cidade, conseguiu seu prazer na companhia, no 'dever'de escola e, ainda, de fato, aprendeu o que precisava naquele momento, sobre a cidade.
Nunca subestime uma criança! Ela sabe se contentar!

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O que é gratidão??




A professora, enlevada, contava às crianças a história da mamãe vaca que, distraída, comendo alegremente seu capim havia perdido de vista seu bezerrinho...Que mãe já não teria passado por isso? E a vaca procura e procura e...angustiada, se é que vacas se angustiam, já teria dado seu bezerro por perdido, quando..
A professora faz o  “suspense...
Quando um garotinho, também filhote, do vaqueiro da fazenda, vem trazendo pelo cabresto, uma fina cordinha de nada, o bezerro fugido.
A vaca muge de alegria!
 A vaca muge, sabe-se lá de quê...e o bezerrinho é “entregue”à mãe.
 A vaca, diz a professora, em sinal de gratidão, feliz pelo filhotinho recuperado pelas mãos do garoto, lambe vigorosamente a mão do menino.
Final feliz, as crianças aflitas, estas sim, respiram e suspiram aliviadas!
 O encontro de mãe e filho aconteceu.
A professora, ciosa de seu papel de educadora, pergunta:
-Quem sabe me dizer, depois de ouvir a história, o que é gratidão?
Uma menininha, olhinhos vivos, cabelinho louro, afiada, levanta a mãozinha.
-Eu!
A professora, também feliz, pensando no resultado de seu ensinamento:
-Diga!

-Gratidão é... UMA LAMBIDA DE VACA NA MÃO!


Com crianças e com ‘loucos’as palavras são coisas...e exigem trabalho...como os sonhos.