sábado, 1 de janeiro de 2011

E agora, vovô? Você vai morrer?


Natal, Ano Novo, temas que levam sempre à questão sempre universal da finitude, do nascimento e seus mistérios! Assim...as crianças trazem, de novo e sempre novas as perguntas insistentes de todo mundo e não só delas, sobre o nascimento, a vida e a morte!

Foi assim que a menininha, filha caçula de uma mãe também caçula de uma família muito numerosa ouvia com frequência observações sobre a velhice do avô.
"Ah...êle é muito forte, mas a cabecinha, coitado! já não dá muita notícia de nada!".
 "Que é isso, gente! Ele bem que dá notícia do que quer! Outro dia conheceu bem a netinha, mesmo que tenha pensado que era a filha caçula!"
 "Vocês vão ver! Vai passar dos 100, tranquilo!"
E, não raras vezes a netinha de 5 anos ouviu o próprio avô anunciar:
- "Só vou morrer depois que fizer 90 anos!"
Até que um belo dia, o dia festivo e esperado dos 90 anos chegou. Preparativos, bolo, doces, comidas boas, reunião de toda a família, etc, alegria geral.
Mas a netinha...intrigada e inquieta trançava pra lá e pra cá. Ninguém se dava conta do porquê de tanta agitação e desassossego. Só ela. Arredia, calada, perguntava a toda hora somente pela "hora dos parabéns".
-Calma, menina! Depois do almoço, na hora dos doces! Vovô vai soprar as 90 velinhas dele. Talvez ele deixe você soprar algumas!
A hora chegada, cantoria, palmas, sopro e velas...algumas lágrimas e então para surpresa de todos, o impacto da vozinha dela, com a carinha mais bonitinha, aliviada, de quem aguardara aquela hora como uma outra qualquer de expectativa de um acontecimento da vida...:
-  E agora vovô? Você vai morrer? (ao que parece aludindo a "como havia dito, prometido, anunciado?")
Ao que parece a questão dela permanece, quanto a esta hora...
  "quando é que a gente morre?" "a gente resolve quando?"

Um comentário:

  1. Mesmo quando somos mais velhos, a expectativa de perda acontece em várias situações, a partir do momento que nós, pobres mortais, percebemos a fragilidade da vida que nos cerca, e aos nossos maiores amores. O ideal seria pensar que, quando acontecer, "a gente resolve". Lindo texto, que bateu forte nos meus medos. Bom seria raciocinar doce, e claramente, como as crianças. Rosângela Regatos.

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