domingo, 24 de março de 2013

A proximidade e a diferença


Estava o pai todo feliz ouvindo uma música no rádio do carro. 
Disse ele ao filhinho que assentadinho atrás, em sua cadeirinha, ouvia calado a música::
- Fafá, papai adora essa musica! Eu a ouvia  muito quando era um pouquinho maior que você!!!
A criança, então, disse:
-Quando eu era bem pequeninho e chorava muito, papai Léo, eu não gostava dessa música, não...
- Ah é, Fafá?
 E agora,, você gosta?
- Ainda não...

Ainda não, talvez um dia...
A música que o papai gosta, talvez não seja a dele...
Talvez um dia, talvez nunca...

domingo, 10 de março de 2013

A criança, a linguagem, a vida e a morte





Mamãe, saudosa da própria mãe, fala o nome dela para o filhinho...'Vovó Edith'
- Quem é Vovó Edith?
-A mãe da mamãe...que já morreu...
-Morreu de fome?? pergunta o filhinho
-??? ...
-Morreu de sono???
-???...

Hora em que, já, sujeito e sujeitado à linguagem, a criança fala de sua 'experiência'. A morte de...alguma coisa, coisas de sua experiência e da escuta do seu dia a dia. Morrer de fome, de sono, qualquer hora de ...raiva...de tédio...de amor...de ciúmes...
Mas, o que a criança retorna nesse momento é que há uma falta que se transmite a ela e que a insere na linguagem e na vida, portanto na perspectiva vigente, pulsante e real da morte!