domingo, 23 de maio de 2010

Um dentinho faz falta

Quando a gente já é grande tem ao todo 32 dentes!

Tantos dentes para se alimentar bem e mastigar os alimentos bem mastigadinhos!

Mas quando a gente é ainda pequenininho, primeiro, nem dentes tem!

Os bebês mamam por isso mesmo. Não podem comer. Os dentes vão nascendo um a um, pouco a pouco. Demora um pouco, alguns anos! Depois, vê se pode, quando já nasceram muitos e as crianças já comem bem, é hora dos dentinhos, chamados “de leite”, caírem para nascerem outros, definitivos!

A natureza é engraçada! Sábia, mas engraçada! Tanto tempo para fazer as coisas e depois, começa a desfazer para fazer de novo!

Era nisso que Gutinho ficava pensando quando olhava e olhava a “janelinha” que se abriu em sua boca desde que seu dentinho querido, bem lindo, bem na frente, bem em cima, tinha se soltado, depois de um tombo desajeitado na piscina.

Era um desses “dentinhos de leite” que fazia seu sorriso tão bonito!

Às vezes Gutinho ficava inconformado! Às vezes até tirava retrato com aquele sorriso em que a gente só estende os lábios, mas não abre a boca. Só pra esconder a “janela”. Às vezes, como era muito alegre e bonitinho, nem lembrava disso! Dava boas gargalhadas!

De qualquer modo, esperava com ansiedade, o dia em que o tal “dente definitivo” iria aparecer.

Como demorava! Até lá, o que fazer? Esperar é tão difícil!

Quando era época de Natal, meu Deus, como custava chegar o dia e o presente do Papai Noel! Ele só tinha 3 anos e o tal dente só devia chegar aos 6 ou 7! Será que Papai Noel não podia fazer um adiantamento e fazer esse dente nascer antes?

Gutinho, todos os dias se olhava no espelho e esperava!

Foi até se acostumando e, cada dia em que se olhava, achava-se mais bonitinho!

Foi até gostando da janelinha e achando que ela lhe dava um ar malandrinho que era engraçado!

Reparou que todas as pessoas tinham alguma falha! A mamãe era gordinha, a empregada falava errado, o colega era bundudinho, a professora às vezes mal-humorada, os irmãos, bagunceiros.

Assim, um dia, depois de se olhar no espelho como sempre e ver que a “janela” continuava lá, correu até a mamãe e disse:

-“Mamãe, sabe que se não fosse por esta “janela”, eu seria cem por cento perfeito? Ainda bem que tenho esta falha para me lembrar que eu também tenho defeitos!”.

Gutinho esperou o dia feliz em que o novo dente apareceu.
Estava convencido, mais convencido, de que a natureza era mesmo sábia e tinha lá seus truques para ensinar as crianças!

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